"Ou você é livre, ou você não é. Ou você é livre e a coisa é autêntica, real, viva, ou não é nada." (A humilhação, Philip Roth)

sábado, 26 de novembro de 2011

Memória

Eu valorizo a memória. Eu lembro muito, sou conhecida por lembrar. Às vezes acho que é uma qualidade, às vezes acho que não é.
Mas é fato, eu aprecio a memória. Esta semana Eliane Brum escreveu em sua coluna (http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2011/11/lembrar-para-esquecer.html)  que  é preciso poder lembrar para poder esquecer. Eu não poderia estar mais de acordo. O que não pode ser lembrado, não pode ser dito, tão pouco pode ser esquecido. Só é possível esquecer aquilo que é possível ser lembrado. Nas histórias das pessoas, nas histórias das coletividades, a máxima também vale. Faz tempo, no mestrado, eu aprendi que, segundo M. Halbwachs, a memória é seletiva e sempre construída a partir do presente, com base em valores, comportamentos e experiências atuais. Por isso uma história de vida pode ser reinterpretada, isto é, pode ser lembrada de maneiras distintas em distintos momentos da vida daquele/daquela que conta a história. E não é que o relato da memória seja mentira, ilusão, nada disso. O relato muda porque nós mudamos e a maneira como descrevemos o que vivemos também muda conosco. Essa é a beleza, podemos lembrar de fatos, aromas, sabores, de tantas coisas, de modos distintos ao longo de nossas vidas. 
Mas toda memória que é negada impede a transformação. Toda memória que é banida impede a elaboração do que se viveu e a construção do novo. Casualmente, esta semana assisti a dois documentários sobre memória. O primeiro se chama La columna de los ocho mil (http://www.rebelion.org/noticia.php?id=138679&titular=la-columna-de-los-ocho-mil-), sobre um massacre acorrido na região de Badajoz, Espanha, em 1936. O filme mostra como muitos acontecimentos da guerra civil espanhola ainda são nebulosos, foram "apagados", e é como se não tivessem acontecido. O filme é impressionante, talvez ainda mais porque eu nunca tinha ouvido falar desse massacre... O outro filme se chama Arquivos da cidade (O filme tem 29 minutos, é de 2009, foi realizado por Luciana Knijnik e Felipe Diniz. Tem como tema principal os movimentos de resistência à ditadura civil-militar (1964-1985) que atuaram em Porto Alegre/RS. O documentário põe em cena experiências vividas por cinco militantes e um familiar de desaparecido.). O filme brasileiro fala de um massacre e violências dos quais já ouvi falar. No entanto, embora eu já tenha presenciado relatos sobre experiências de tortura vividas durante o período da ditadura no Brasil, sempre que vejo um filme, ou leio um algum relato, a sensação de horror se instala e é como se estivesse tomando contato com essas histórias pela primeira vez. 
O que é claro em ambos os filmes é que, em especial para os que sobreviveram, ter que lidar com as suas memórias e com o "esquecimento" coletivo é excruciante. É algo que dá um tom de irrealidade ao que viveram. E sofrem mais uma violência sem par. A uma certa altura do filme espanhol, um pesquisador conta que o processo de "banimento da lembrança", dos fatos relativos à coluna, foi a tal ponto eficiente que muitas pessoas chegam a dizer que a coluna e o massacre nunca aconteceram, mas ao serem mencionados alguns fatos, as pessoas começam a dizer: Sim, claro! Eu me lembro!! E aí dão detalhes sobre o que viram, ouviram ou viveram. Nada mais violento que tentar eliminar a memória. Porque ela não morre, alguém sempre irá lembrar. Aqui, na Espanha, ou em qualquer lugar, a memória é o que nos permite ser/estar no mundo. Um dos militantes contra a ditadura que deu seu relato no filme brasileiro, diz, não exatamente com essas palavras, que é quem é porque viveu tudo o que viveu, isso faz parte de quem ele é, do seu pior e do seu melhor. O que interessa é a ideia aqui colocada, a de que a memória nos faz quem somos. Ignorar a memória é ignorar o que, quem e porque somos.


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

 
NACER HOMBRE
Adela Zamudio*
Cuánto trabajo ella pasa
Por corregir la torpeza
De su esposo, y en la casa,
(permitidme que me asombre)
tan inepto como fatuo
sigue él siendo la cabeza,
porque es hombre.

Si alguna versos escribe
-¿De alguno esos versos son
que ella sólo los suscribe?;
(permitidme que me asombre)
Si ese alguno no es poeta
¿por qué tal suposición?
-Porque es hombre.

Una mujer superior
en elecciones no vota,
y vota el pillo peor;
(permitidme que me asombre)
con sólo saber firmar
puede votar un idiota,
porque es hombre.

Él se abate y bebe o juega
en un revés de la suerte;
ella sufre, lucha y ruega;
ella se llama ¿ser débil?,
y él se apellida ¿ser fuerte?
porque es hombre.

Ella debe perdonar
si su esposo le es infiel;
mas, él se puede vengar;
(permitidme que me asombre)
en un caso semejante
hasta puede matar él,
porque es hombre.

¡Oh, mortal!
¡Oh mortal privilegiado,
que de perfecto y cabal
gozas seguro renombre!
para ello ¿qué te ha bastado?
Nacer hombre.
* Adela Zamudio (La Paz, 1854 - Cochabamba, 1928)
Poetisa e novelista boliviana.
Dirigiu a primeira escola laica da Bolivia, em La Paz. Fundou a primeira escola de pintura para mulheres (1911) e posteriormente para crianças. Entre sua dedicação à educação e sua atividade literária, Zamudio desenvolveu um significativo trabalho sociocultural em defesa da emancipação intelectual e social da mulher. 


 http://www.taringa.net/posts/arte/3812936/Nacer-Hombre___-por-Adela-Zamudio.html

http://arte_latino.tripod.com/Bo/biografias/adelazamudioBIOG.htm 




domingo, 9 de outubro de 2011

Eu me lembro...

Eu me lembro...
Lembro de meu pai, de coisas que ele me disse. Algumas posso "ouvir" com a voz dele, coisas bobas e coisas importantes. Lembro de pessoas que se foram, de pessoas que ficaram, de lugares, de casas, de roupas, de situações, de rostos, de cheiros, de sabores, de sensações, de sons, de ruídos, de sentimentos.
Lembro de coisas que vivi e de coisas que não vivi.
Lembro de sorrisos, dados, recebidos. De abraços, dados, recebidos. De lágrimas, dadas, recebidas. De amigos, que foram, que ficaram. De coisas que vi, de detalhes.
Lembro de coisas que li, de coisas que não li. De filmes que vi, de filmes que não vi. De emoções que senti, de emoções que não senti. De músicas que ouvi, de músicas que não ouvi. De coisas que disse, de coisas que não disse. De coisas que quis dizer, de coisas que não quis dizer. De coisas que fiz, de coisas que não fiz. De coisas que quis fazer, de coisas que não quis fazer.
Lembro...
Tanto!! Às vezes é bom, às vezes não é. Lembro demais. Lembro todos os dias.
Eu me lembro...

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

La obstinada potencia de la descolonización Por Raúl Zibechi (Alainet)

Sobre o conflito em torno da construção da estrada que atravessará TIPNIS.

http://www.rebelion.org/noticia.php?id=136593&titular=la-obstinada-potencia-de-la-descolonizaci%C3%B3n-

Fonte: http://alainet.org/active/49763

Lobo suelto!: Bolivia del TIPNIS: entre la vergüenza de haber si...

Lobo suelto!: Bolivia del TIPNIS: entre la vergüenza de haber si...: por Salvador Schavelzon (especial para Lobo Suelto!) (Silvia Rivera sobre el conflicto en Bolivia) Es fácil caer en...

sábado, 24 de setembro de 2011

Um sábado...

Primeiro sábado da primavera. Um sábado de tempo nem frio, nem quente, com algum sol e muitas nuvens em São Paulo.
Um sábado melancólico, de cansaço e tristeza...
Adeus à vó Alba, saudades de tanta gente amada e que se foi, TIPNIS, tese, a cabeça em La Paz, trabalhos para corrigir, o encontro com a dubiedade, o que será dos indígenas em marcha na Bolívia, saudade, adeus à minha abuelita paceña... Tanto... Livros, música, o céu nublado. Eu nublada. Encontros, desencontros, despedidas. O bom, o ruim, o justo, o injusto, o crível, o incrível, o bonito, o feio. Tanto...
E eu só quero escrever... Por que será que parece um dos trabalhos de Hércules?
Mia Couto disse em um de seus livros: "É que morto querido nunca acaba de morrer." Nada mais verdadeiro.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um ano longe de La Paz... uma carta de amor

Um ano atrás, a essa hora, eu estava em meio a malas, risos e lágrimas... eu me despedia de La Paz. Estava em minha casita em Sopocachi, a terceira na qual morei. Onde voltei a viver com Simona e Lorenza. Onde conheci Sara e Daniela.
Minha última noite em La Paz foi caseira... nessa noite passaram por lá Fanny, Itzi, Sara (que não vivia mais lá), Mariana, Ana Paula, Jessi e Gabo. Ganhei presentes de despedida, muitos abraços e beijos em meio a lágrimas, sorrisos e promessas de um reencontro em breve.
De Daniela me despedi quando saí para o aeroporto. Lore me acompanhou até El Alto, como Elena. Fui a El Alto no táxi de Don Johnny, que me buscou quando cheguei. Fechava um ciclo. Fui recebida em La Paz por Lore e foi ela quem me disse o último "hasta pronto".
Minha última casa tinha uma varanda, dela se podia ver as montanhas ao redor de La Paz e aquela noite estrelada que só o Altiplano tem. Me lembro de ir até a varanda para fumar enquanto tomava meu último mate de coca, olhar a paisagem e pensar em tudo o que vivi e vi por lá, meu coração apertar por eu não saber quando voltaria a ver aquila paisagem e aquela gente que aprendi a amar. Pensei em São Paulo, senti medo... Tudo estava tão bom por lá... Por que mesmo voltar? Porque um ciclo se fechava. Porque a pesquisa tinha sido feita, porque eu precisava qualificar o doutorado, porque eu sentia saudades da família e dos amigos, porque, por mais estranho que pareça, eu sentia saudades da "paulicéia desvairada" e de todas as suas idiossincrasias.
Essa é uma carta de amor.
Amor a La Paz, amor a São Paulo.
Se em La Paz fui feliz, fiz amigos e amigas, trabalhei, dancei, vivi... foi porque em São Paulo, sempre soube, eu tinha uma retaguarda, amigos e amigas, trabalho, dança, vida. Tem coisas que só fizeram sentido em La Paz porque existe São Paulo. Outras só fazem sentido hoje em São Paulo porque existe La Paz. No que diz respeito à minha pesquisa de doutorado isso é óbvio, é mais que evidente. No que diz respeito à minha vida... bom, aí talvez não seja tão evidente... mas eu sei, meus amigos e amigas sabem, isso basta.
Amo São Paulo, amo La Paz. Sinto um amor diferente por cada cidade, mas eles tem a mesma intensidade. Sou o que e quem sou por causa dessas cidades, assim como por causa de Porto Alegre, e de tudo o que elas representam. Eu já disse aqui que me sinto uma pessoa de sorte porque tenho essas três "cidades-casa". Mas São Paulo e La Paz eu escolhi, ou me escolheram, então com elas minha relação é diferente da que tenho com Porto Alegre...
Enfim, levei mais de 12 horas para vir de La Paz a São Paulo (um vôo louco, que incluiu 12 horas no aeroporto de Lima...). Essas horas em trânsito foram fundamentais. Pude ir me acostumando à ideia de não estar mais em La Paz e de voltar para São Paulo. Pude sentir vontade de chegar a São Paulo. Passei mal porque estava em uma cidade no nível do mar e pude começar a me adaptar à "baixitude". A cabeça doía muito... eu achava que era por causa da choradeira na noite anterior e das poucas horas de sono. Depois me dei conta que não, meu corpo estava se readaptando a tanto oxigênio, assim como ele se adaptou à falta dele quando cheguei a La Paz e enfrentei a altitude.
Saí de São Paulo com muita bagagem, em muitos sentidos. Voltei de La Paz com muita bagagem, em muitos sentidos. Uma bagagem renovada, colorida como os aguayos das bolivianas, cheia de vontade de mundo, cheia de música diferente, de poesia diferente, de gentes diferentes. Aos poucos abri as "malas"... ainda estou abrindo... a cada visita que recebo, a cada e-mail que recebo e respondo, a cada papo no skype, a cada post, like ou comentário no facebook, mais uma parte da bagagem se abre, se multiplica. A cada leitura, cada linha, cada apresentação que faço, cada debate do qual participo, cada pensamento que tenho, cada desenrolar da tese, mais uma parte se abre, se desdobra. A minha experiência na Bolívia ganha sentidos, confere sentidos em São Paulo.
Amo La Paz e suas ladeiras; amo o cheiro da cidade; amo o sol inclemente, o céu azul e a noite estrelada; amo a musicalidade boliviana; amo cheiro de coca mascada; amo marraqueta; amo o frio paceño; amo o colorido da cidade; amo os paceños e paceñas; amo dançar morenada; amo as marchas de protesta que agitam La Paz; amo caminhar por La Paz; amo dizer provecho quando entro em um restaurante; amo meus amigos paceños e amigas paceñas e aqueles amigos e amigas que não são de lá mas que a cidade trouxe para mim. Amo La Paz e sinto muita, mas muita, saudade.
Hoje choveu e fez um frio incomum em São Paulo, ouvi Atajo! e me senti em La Paz... ou me esforcei para me sentir... Hoje quero gritar que amo La Paz, que amo a Bolívia e que, porque estou em São Paulo, esse amor só cresce e, sim, voltarei a ver o Illimani não sei quando, mas voltarei.
Não posso terminar essa carta de amor sem mencionar aqueles e aquelas que fizeram minha vida em La Paz mais divertida, intelectualmente interessante e colorida. A ustedes: Simona, Lorenza, Ilse, Mayús, Antonio, Irene, Pablo, Amal, Christelle, Heloisa, Vinicius, Elena, Irene, Fanny, Andrea, Pablo, Itziar, Celine, Hervé, Ana Paula, Vadik, Gabriel, Mariana, Alvaro, Daniel, Sara, Daniela, Jessica, Lisa, Sarah, Federico, Patrice, Valeria, Teo, Mauricio, Marielle, Oscar, Karyn, Akil, Oscar, Lalo, Grazi, Marcos, Agustina, Dado, Patrick, Rommy, Rubia, Flavio, Margaux, Dan-François, Giovana, Annibale, Marco, Miquel, Marina, Henrique, Filipe, Guilherme, Lucas, Justina, Don Johnny, Jessica, Sergio, Ana, Vivian, Nico, Chiara, Rebekka, Rene, Chiara, Sigur, Tere, Toto, Vero, Percy, Laura, y otros y otras a quienes yo probablemente he olvidado, perdón por el olvido y gracias por haberen hecho parte de mi vida en La Paz, gracias por todavía seguiren en mi vida en São Paulo. Mucha saudade de todos y todas!!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Artigo na Revista Herencia de Abril de 2011

POBREZA, JEFATURA DE HOGAR, TRABAJO E INGRESO[1]

SER MUJER Y NIÑA EN BOLIVIA, HOY

Caroline Cotta de Mello Freitas y Elena Apilánez Piniella

El artículo que presentamos en éste y los siguientes números de HERENCIA es producto de un trabajo de investigación y compilación de datos respecto de la situación y la posición de las mujeres y las niñas en Bolivia realizado por Caroline Cotta de Mello Freitas (São Paulo, Brasil) durante su estancia de trabajo de campo en La Paz y en el marco del proceso de elaboración de su tesis doctoral referida a la reivindicación del derecho a la diferencia y movimentos sociales indígenas en Bolivia. Elena Apilánez Piniella (La Paz, Bolivia) orientó la elaboración de la compilación y realizó la corrección literaria, de estilo y gramatical.

Los datos aportados por el Plan Nacional Para la Igualdad de Oportunidades “Mujeres Construyendo una Nueva Bolivia, Para Vivir Bien” (PNIO) dan cuenta que la pobreza em Bolivia tiene “rostro de mujer indígena y campesina” (PNIO 2008:47). Datos aportados por el Viceministerio de Género y Asuntos Generacionales indican que, en 2006, más del 63% de las mujeres del área rural –donde se da el mayor porcentaje de concentración de población indígena en el país– y el 23% de mujeres del área urbana estaría em condiciones de pobreza extrema, siendo estos índices más altos entre las mujeres aymaras. Además, en el país las mujeres tienen menor acceso y control a bienes patrimoniales tangibles (propiedad de la tierra y la vivienda y acceso al crédito, entre otros) e intangibles (acceso a la tecnología y a la capacitación, por ejemplo) que los hombres.

En efecto, existe un mayor porcentaje de mujeres que de hombres sin ingresos propios o con ingresos insuficientes y, frecuentemente, las mujeres acceden en mayor número a empleos de baja remuneración. Las mujeres sufren deficientes condiciones laborales, menor acceso al empleo, mayor discontinuidad, discriminación salarial y acoso sexual en el trabajo. También se identifican brechas de género en la calidad de las pensiones de jubilación entre hombres y mujeres.

En el área económica, productiva y laboral los problemas más graves enfrentados por las mujeres bolivianas son: la dependencia económica, la distribución injusta, diferenciada y discriminatória de los recursos económicos, productivos, tecnológicos y patrimoniales entre mujeres y hombres, lo que, en consecuencia, disminuye las posibilidades de logro satisfactorio de autonomia económica de las mujeres.

JEFATURA DE HOGAR Y POBREZA

En lo que se refiere a la Jefatura de Hogar, el Censo de 2001 “estabelece la existencia de 1.977.665 hogares en Bolivia. El 31% de los mismos tienen como jefes de hogar a mujeres y el 69% a hombres. En el área urbana, donde se ubica el 61% de los hogares, la relación proporcional de la jefatura de hogar es 33% femenina y 67% masculina; mientras que en el área rural, esta proporción es de 28% y 2% respectivamente. (…) La jefatura de hogar masculina es predominante (93,52%) en hogares biparentales con y sin hijos, mientras que em los hogares monoparentales predomina la jefatura de hogar femenina (71,22%) (INE, 2003:181).” (PNIO, 2008: 53)

Se advierte que en los hogares biparentales (con predominancia de la jefatura de hogar masculina) por lo general habitan más de dos personas con responsabilidades económicas, mientras que em los hogares mono-marentales (con predominancia de jefatura de hogar femenina) habitan las madres (solteras, viudas o separadas) y únicamente éstas son las responsables de la carga económica del núcleo familiar. Si a este dato se agrega – como se mostrará más adelante – que las mujeres suelen acceder a trabajos de menor calidad y peor remunerados que los hombres, se puede inferir que los hogares encabezados por mujeres son – no necesariamente pero sí con alta probabilidad – más pobres que los hogares encabezados por hombres.

A partir de datos del año 2004 “más de la mitad de los habitantes de las áreas urbanas eran pobres y la proporción sube al 78% en las áreas rurales. No sólo la pobreza afecta a la población boliviana, sino también los altos niveles de desigualdad puesto que el 10% de la población más pobre recibe sólo el 0,2% del ingreso, mientras que el 10% de la población más rica absorbe el 47,3%, eso es 235 veces más (Ministerio de Planificación del Desarrollo 2006:240).” (PNIO, 2008: 46)

Para comprender la situación de la pobreza en Bolivia es necesario tener em cuenta el modelo económico aplicado en el país desde mediados de los años ochenta. Éste – centrado en la liberalización del mercado, la desregulación del trabajo y la privatización de los servicios antes públicos – contribuyó a controlar la infl ación provocada principalmente por las obligaciones estatales con la deuda externa contraída en las décadas de los setenta y ochenta, pero el crecimiento económico generado en el país a costa de la flexibilización del mercado laboral, la tercerización de la producción y el crecimiento de empleos temporales, también provocó la profundización de la pobreza y la ampliación de las desigualdades. Las medidas de fl exibilización laboral abrieron oportunidades a las mujeres, quienes se incorporaron masivamente al mercado laboral pero en condiciones de extrema vulnerabilidad, accediendo a trabajos mal remunerados y sin ningún resguardo de seguridad social. Aunque la precariedad en las condiciones laborales afecte a hombres y mujeres, la situación de éstas es aún peor em lo que atañe al universo del trabajo y a los índices de pobreza.

La condición de pobreza y, de pobreza femenina en particular, es más profunda en las áreas rurales de Bolivia. Datos del año 2006 indican que más del 63% de las mujeres en el área rural se encontraban en condiciones de pobreza extrema y, entre las mujeres del área urbana, el índice es del 23%. (PNIO, 2008: 47) Además, las mujeres que se autoidentifican con un pueblo originario, en especial aymara (población en la cual se encuentran los mayores índices de pobreza extrema), tienen condiciones de mayor desventaja que la población que no se auto-identifi ca con pueblos originarios. En general, la incidencia de la pobreza extrema es mayor entre las mujeres bolivianas que entre los varones.

TRABAJO E INGRESO

El ingreso de las mujeres al mercado de trabajo – además de permitirles hacer un aporte a la familia, a sus hijos e hijas, les otorga márgenes de libertad para negociar y afi rmar sus proyectos e interesses – significa un cambio en sus propias concepciones sobre su realidad, su família y en su entorno. Sin embargo, dentro del actual modelo, el acceso, desempeño y condiciones de trabajo no son fáciles

para las mujeres quienes, además, tienen que realizar las labores domésticas. Es por eso que el autoempleo o el trabajo informal es una alternativa elegida por las mujeres pues es un tipo de empleo compatible con el trabajo doméstico. Actualmente, las mujeres en Bolivia, ahora importantes proveedoras de dinero y, em estrecho contacto con otras formas de vida, ya no aceptan con facilidad ciertas costumbres como el rapto, la violación, el maltrato del esposo, el alcoholismo y, por ello, crece el número de mujeres jefas de familia. Las mujeres empiezan a exigir un nuevo tipo de relación con los hombres, con sus familias, con la comunidad. Buscan mayor participación en la toma de decisiones de la vida cotidiana y en los asuntos de la colectividad.

Datos recogidos, en los Censos Nacionales de Población y Vivienda de Bolivia, entre 1992 y 2001 indican una transformación en la composición de la fuerza de trabajo y un aumento constante de la presencia de éstas en el mundo del trabajo. Según el PNIO, “esta alta participación de las mujeres emerge de las políticas de ajuste estructural, el masivo desempleo masculino, la disminución de los ingresos y la incorporación de modalidades flexibles de trabajo. Por ello, las mujeres perciben actualmente que su

trabajo no se ejerce como derecho social sino como necesidad y compulsión económica” (Farah, I.; et.al.; ASDI 2006).” (PNIO, 2008: 50)

En Bolivia, la mayor parte de la población trabaja en la rama agropecuária (38,61% de la mano de obra), en el comercio (18,81%) y en los servicios (empleando 14,40% de la mano de obra nacional). El 85% de las mujeres están insertas en estas tres ramas de actividad, siendo 45% de la mano de obra ocupada en la agropecuaria, 65% en la rama comercial y 59% dentro de la de servicios. De hecho, el mercado de trabajo sufrió ligeras modifi caciones entre 2000 y 2005, pero las mujeres continúan en situación de desventaja, puesto que sus ingresos son menores que los de los hombres.

Según el PNIO, “en un estudio comparativo entre 17 países sobre género y pobreza, publicado por la CEPAL en 2003 (www.cepal.org/mujer/), se establece que en Bolivia, en el año 2002, el 44% de las mujeres y el 23,88% de los hombres no tenían ingresos propios, con una brecha negativa para las mujeres de 20 puntos porcentuales. Esta relación resulta mucho más inequitativa en el área rural, donde el 71,5% de las mujeres y el 24,8% de los hombres se encontraban en esa condición, con una brecha de 47 puntos porcentuales de desventaja para las mujeres. Tanto em el área urbana como rural, las brechas se abren en el periodo de mayor productividad para ambos sexos (25 a 44 años de edad), la mayor brecha se presenta entre mujeres y hombres rurales de entre 35 y 44 años de edad, que alcanza a 68,6 puntos porcentuales de desventaja femenina.” (2008: 53)

Se constata que las mujeres campesinas bolivianas son las más pobres entre los pobres. Para las mujeres indígenas y campesinas empobrecidas, el paso del trabajo agrícola al trabajo no remunerado urbano no ha signifi cado una mejora en sus condiciones de vida y laborales. La dinámica de la economía de mercado, trajo la disminución del empleo y de los ingresos, dando lugar a estrategias familiares para compensar esa disminución con trabajo informal y doméstico. Según el PNIO, “la estratégia privilegiada ha sido la incorporación de la mano de obra femenina al mercado de trabajo tanto en el comercio como en la manufactura, además del trabajo doméstico remunerado, proceso mediado por los fenómenos migratorios campo-ciudad. Este fenómeno va aparejado con prácticas de flexibilidad laboral y subcontratación que no permite hacer visible el trabajo feminino en estos sectores (Farah, et.al; ASDI, 2006).” (PNIO, 2008: 54) *


[1] Una de las cuestiones que es necesario destacar atañe a los datos estadísticos ofi ciales. además de que muchos de los datos a nuestro alcance están desactualizados, el propio instituto nacional de estadística (ine) de bolivia, en su sitio web, avisa en nota que –ipsis litteris–, “motivos de índole presupuestaria impiden fortalecer y actualizar las estadísticas con enfoque de género.”

http://www.revistaherencia.net/

Escrevi esse texto, que foi revisado por Elena, no ano passado. Só agora ele foi publicado na Bolívia.


domingo, 27 de março de 2011

Uma semana e uma sucessão de descobertas

Em uma semana vivi uma quantidade de coisas e sentimentos completamente surpreendentes e inauditos...
Me dei conta que me conectar com a Bolívia e escrever a tese me custa porque preciso entrar em contato com sentimentos que estão ligados a muito mais que saudade. Sim, eu sinto uma saudade infinita da Bolívia e dos amigos que fiz por lá... Muitos não estão mais lá, o que me faz ter a sensação de que tenho saudades de uma época, o que, confesso, chega a me fazer temer voltar a La Paz, por mais que queira rever os amigos que continuam lá, rever o Illimani e sentir o cheiro de anticucho e folha de coca pelas ruas... Mas é que não só construí minha pesquisa de doutorado, na Bolívia me reconstruí. Hoje sou/estou melhor porque tive a sorte de viver no país, o privilégio de conviver com quem eu convivi, de viver o que vivi. Penso que cada um de nós é como um mosaico, "eu-mosaico" me refiz por lá. Como nas cores dos aguayos, ganhei mais cor e mais vida. Presunsosamente, acredito que fui "tocada" pelos Apus, e eles me fizeram mais forte, mais eu. O que evidentemente não significa mais objetiva ou focada no que diz respeito à tese... mas isso já é outra coisa... O que importa é que, essa semana, percebi que não posso negar que além de trabalho de campo, eu me refiz na Bolívia e que devo às pessoas que conheci lá, aos momentos que vivi e ao país muito do que sou hoje. E, na minha avaliação, hoje sou/estou melhor, MUITO melhor.
E porque sou/estou melhor, nessa semana pude descobrir outras coisas... Por exemplo, que fazer uma loucura, algo fora do meu "script" pode ser saudável e, eventualmente, recomendável. Porque nehuma loucura que eu faça será algo tão louco assim que eu não possa lidar. Sou/estou mais forte!! E que prezo MUITO a gentileza. Isso, gentileza. No trato pessoal, nas relações mais comezinhas, em casa, no trabalho, em todos os cantos. E que gentileza, para mim, significa a delicadeza da honestidade e da verdade. Não é uma mera questão de "etiqueta", embora ela também seja relevante... mas uma questão de ver e viver a vida com gentileza, que sejamos francos uns com os outros, que digamos o que verdadeiramente sentimos. Faz tempo aprendi que tem gente que teme a verdade. Eu não. A verdade pode doer, mas toda dor passa. A mentira fica. A dor da mentira passa, como toda dor, mas a mentira fica. Então, para que? Acho que a honestidade permite que nossas relações mudem de patamar, por mais que custe um tempo. A porta fica aberta, porque houve verdade. A mentira decepciona e fecha portas.
Pude confirmar que é melhor experimentar um segundo de maravilha que nunca viver uma. E que quero isso. Quero apenas maravilha. Quero verdade. Quero gentileza. E agradeço aos céus, aos Apus, à Pachamama, por ter ido para a Bolívia, ter voltado para São Paulo, e ter podido me dar conta de tudo isso. Porque, sim, eu penso muito, mas, às vezes, pensar muito me leva a descobrir coisas como essas. E viver/construir uma pesquisa de campo em antropologia pode permitir que façamos uma tese, mas, também, um novo "eu-mosaico".

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Quando La Paz me levou ao Cairo

Logo que cheguei a La Paz fiquei hospedada na casa de Simona e Lorenza. Uma linda casa em Sopocachi, com quintal, janelas grandes e uma cozinha enorme (como aliás, eram todos os cômodos). Mais que grande, a casa era acolhedora e tinha buena onda, como seus habitantes. Quando cheguei estavam também hospedados lá, Ramiro, um médico espanhol, e Amal, uma cineasta egípcia, amiga de Simona.
Fui muito bem recebida por todos e minha primeira aventura paceña (que contei em um dos primeiros posts do blog) foi com Amal, que me levou até um bar em Sopocachi. Amal estava em La Paz por causa de um festival de cinema, ela apresentou um de seus filmes e participou de debates no festival. Depois aproveitou para viajar e conhecer um pouco da Bolívia. Quando cheguei à La Paz, ela voltava de Uyuni. Como já estava em La Paz há alguns dias e, nesse momento, já estava sem compromissos, foi Amal quem me levou para conhecer o centro de La Paz e com ela fui pela primeira vez à Livraria Plural (lugar onde voltei nem sei quantas vezes no tempo em que vivi na cidade...). A primeira salteña paceña que comi foi na companhia dela.
Caminhavamos por La Paz e falavamos de tudo, da vida e de nossos países. Amal viveu muitos anos na Espanha, fala espanhol com sotaque madrileño. Amal me fez querer conhecer o Cairo e o Egito. Eu não sabia muito do Egito, para ser honesta, não sabia nada... ela sabia um pouco sobre o Brasil, em especial sabia de Lula. Em nossas conversas, pela primeira vez, ouvi o nome de Hosni Mubarak. Amal me contou que ele estava no poder há quase 30 anos, que o Egito vive uma ditadura e que o país passava por muitos problemas, como a falta de liberdade. Me ouvindo falar sobre São Paulo, do caos, da pobreza e dos problemas que a cidade enfrenta, e do quanto amo a cidade, como não consigo me imaginar vivendo em outra cidade brasileira; ela me falou sobre o Cairo, disse que entendia minha relação com a cidade e achava que minha relação com São Paulo era como a dela com a cidade do Cairo. Horror, às vezes ódio, mas amor profundo. Amal me contou que decidiu voltar para o Cairo porque não conseguia mais viver longe de lá, decidiu que era lá que queria viver, apesar de tudo...
Nos despedimos em La Paz em agosto de 2009. Ela me convidando para ir ao Cairo e eu a convidando para vir a São Paulo. Ficamos amigas em poucos dias, quatro talvez... nem me lembro mais exatamente quantos dias passamos juntas... Me lembro das nossas conversas, do som da risada de Amal, que tem um sorriso que enche um salão... Ano passado, 2010, ela me enviou textos sobre ElBaradei e Mubarak. Foi por ela que soube das mobilizações contra a ditadura de Mubarak. Quando olho as fotos dos protestantes no Cairo fico imaginando onde ela está... Se está nas ruas, se está bem, se foi presa... Ainda não tive notícias dela. Espero que esteja bem. Logo que ela anunciou a "Sexta-feira de fúria" no facebook, pouco antes de a internet deixar de funcionar no Egito, escrevi um e-mail para ela. Nesse e-mail enviei a música "Tanto mar", de Chico Buarque. Nada mais me ocorreu, apenas enviar uma música que fala de uma Revolução associada à flores e bem sucedida. Que o Egito mude, que Amal não mude. Que Amal esteja sorrindo em algum lugar do Cairo. Só o que espero é ter boas notícias dela e de seu país o mais rápido possível.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Um encontro literário, porque só é possível amar Elias Canetti

A primeira vez que ouvi falar em Elias Canetti foi em uma aula de Omar Ribeiro Thomaz na Sociais, nos idos de 1997 (acho...). Era uma aula sobre nação e nacionalismo e Omar citou o livro A língua absolvida, para falar sobre os Balcãs. Só muito tempo depois soube que este era o título do primeiro volume da autobiografia de Canetti (que tem 3 volumes). Na época fiquei interessada pelo livro e pelo autor, mas, como acho que nem sempre lemos o que queremos, isto é, os livros nos encontram em fases adequadas da vida, alguns não adianta tentarmos, só leremos quando estivermos "prontos", acabei não indo atrás do livro e me deixei esperar que o "encontro" acontecesse. E ele aconteceu... Primeiro com As vozes de Marrakech, livro de Canetti publicado no Brasil pela Cosac&Naify. Estava perambulando pela feira de livros da USP, em um novembro de 2007 ou 2008, e, de repente, na banca da Cosac&Naify, dei de cara com o nome de Canetti. Comprei o livro sem saber sobre o que se tratava. Foi amor do mais puro o que sobreveio com a leitura. As vozes é um livro de viagem, Canetti conta sua primeira ida à Marrakech. Gostei tanto, mas tanto, que dei um jeito de citar o livro na minha qualificação. Citei mesmo, não é epígrafe, é citação. Sabe aqueles livros que te fazem ser melhor? Pois é... depois de ler este livro já o presenteei a não sei quantos amigos... tanto que nem tenho mais o meu volume... não me lembro a quem eu dei, mas certamente foi para alguém MUITO querido. No Natal passado comprei mais dois volumes e presenteei a duas amigas, assim divido com o mundo a maravilha que é ler este livro. No dia 26 de dezembro fui à Livraria Cultura e decidi que era hora de ler A língua absolvida... Cheguei lá e comprei os 3 volumes, edição com preço amigo, da Companhia de Bolso, enfim, comprei. E, novamente, a felicidade se fez... Li A língua absolvida em menos de uma semana, não conseguia parar de ler! Aí veio Uma luz em meu ouvido, o segundo volume. Que li enquanto estive de férias no Rio. Agora estou lendo O jogo dos olhos, o terceiro e último volume da autobiografia. Não estou lendo rápido, não consigo!! Não quero que acabe... sabe quando a gente começa a economizar um livro? Pois é, estou fazendo isso... Leio poucas páginas por dia, me delicio com a escrita de Canetti, com o modo como ele descreve pessoas e o tempo em que viveu, com como ele conta sua trajetória intelectual. Pura maravilha!! O modo como Canetti conta episódios de sua vida e seus percursos intelectuais, como se tornou escritor, o mundo em que vivia [primeiro a Bulgária, depois a Inglaterra, a Suíça, a Áustria, a Alemanha, a Áustria de novo (pelo menos até o ponto do livro em que me encontro)], como era a Europa em sua percepção, o que foi a Primeira Guerra, o pânico de outra guerra mundial, a explosão da arte em Viena... Enfim, literatura da melhor qualidade, escrita por um homem sensível e interessante.
Costumo ter encontros bombásticos com autores... foi assim com Tolstói, Érico Veríssimo, Roth, Cortázar, para mencionar os mais fortes e mais recentes. Definitivamente, Canetti.
Gostei, em especial, de duas passagens em Uma luz em meu ouvido. A primeira diz: "O respeito pelas pessoas começa por não ignorarmos suas palavras." (pg. 219) Por mais que discordemos delas... A outra diz: "Eu me inclino perante a memória, perante a memória de qualquer pessoa. Quero deixá-la intacta, pois ela pertence ao ser humano que existe para ser livre. Não oculto minha repugnância por aqueles que se permitem submetê-la a operações cirúrgicas, até que ela se assemelhe à memória de todos os demais. Que operem o nariz, os lábios, as orelhas, a pele e os cabelos, o quanto quiserem operar; que implantem olhos de outra cor, se tiver que ser assim; também corações estranhos, que pulsem por mais um ano; que apalpem tudo, aparem, alisem, igualem, mas que deixem a memória em paz."(pg. 304) Só é possível amar Canetti e sua maneira franca e linda de descrever lugares, pessoas e expressar seus sentimentos. Queria ser capaz de me expressar sempre assim, franca e lindamente.

P.S.: Quando terminar O jogo dos olhos faltará (entre outros livros do autor) Auto-de-fé (também publicado pela Cosac&Naify), o grande livro de Canetti. Sabendo como este livro foi escrito, não sei se me deixarei esperar pelo "encontro" ou se vou correr em direção a ele... a ver... depois eu conto.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O Silêncio do Macho

O Silêncio do Macho
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI71128-15230,00-O+SILENCIO+DO+MACHO.html

Texto interessante sobre o silêncio dos homens heterossexuais em meio à multiplicação de vozes e discursos de mulheres heterossexuais, homens e mulheres homossexuais e transgêneros.