"Ou você é livre, ou você não é. Ou você é livre e a coisa é autêntica, real, viva, ou não é nada." (A humilhação, Philip Roth)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Antropologia e música: linguagens universais no ocidente?

Faz tempo que não escrevo... tenho feito descobertas e continuo conhecendo pessoas interessantes...
O Congresso de antropologia foi bastante interessante e me peguei pensando que a teoria antropológica nos faz compartilhar de todo um universo de comunicação. Coisa que nos permite dialogar e entender coisas que se passam em lugares que nos são completamente desconhecidos... uma experiência fantástica de compartilhamento e aprendizagem... e ser antropólog@ é ser antropólog@, não importa se em SP, no Vale do Jequitinhonha, nas Guianas amazônicas, em Cochabamba, Potosí ou El Alto... a antropologia nos permite desenvolver um olhar e uma sensibilidade que são preciosas, tanto para o trabalho de pesquisa quanto para a vida. E é impressionante perceber que lemos todos as mesmas coisas e enfrentamos os mesmos debates e questões contemporâneos. O congresso, como todo congresso, teve apresentações boas e ruins, brigas e etc. Enfim, o trivial variado de sempre... me senti completamente integrada, apesar de ainda ter algumas dificuldades com o espanhol, acho que por se tratar de antropologia, não tive problemas em acompanhar os debates. O congresso foi bastante importante e esclarecedor para mim, com certeza passei a entender melhor um monte de coisas tanto sobre a Bolívia quanto sobre a maneira como se faz antroplogia por aqui. As pessoas foram acolhedoras e fiz meus primeiros contatos acadêmicos em La Paz.
Música... Ontem fui até o café La Guinguette, que fica na Aliança Francesa, para ouvir um violonista francês que está de passagem por La Paz. O cara tocou com outros músicos franceses que vivem aqui. Eles tocaram músicas francesas antigas e alguns clássicos da chanson française. Foi divertido... parecido com a festa dos brazucas, todos se sentindo mais próximos de casa... acho que praticamente todos os franceses que vivem em La Paz estavam presentes... quase não ouvi espanhol durante o tempo em que estive por lá. Mas o que queria dizer é que a música é uma coisa incrível. Quarta-feira, dois novos amigos franceses, Celine e Hervé, vieram jantar aqui em casa. Ouvimos um monte de música brasileira, eles não conhecem muita coisa, mas gostaram. Ontem, Hervé me disse: "Ontem música brasileira, hoje música francesa!!" Me diverti com a música francesa tanto quanto eles com a música brasileira. A música aproxima as pessoas, mesmo que não entendamos a língua e, portanto, não consigamos saber o que está sendo cantado... A música comunica, enternece, permite entender como as pessoas de um dado lugar tendem a sentir as coisas. E aí, se estamos abertos, apesar de não entendermos muita coisa, por desconhecermos a língua em que a música é cantada, entendemos o sentimento que a música expressa... uma boa sensação!! Podemos não entender tudo, mas o que entendemos, em geral, é bastante interessante. Principalmente se é algo novo, uma sonoridade que não conhecemos.