"Ou você é livre, ou você não é. Ou você é livre e a coisa é autêntica, real, viva, ou não é nada." (A humilhação, Philip Roth)

domingo, 18 de outubro de 2009

Cochabamba, Congresso Clacso

Faz tempo que não escrevo, fiquei uma semana fora de La Paz e, ao voltar, tive sorochi e um monte de coisas para fazer... Viajei para Cochabamba dia 06 e voltei para La Paz dia 11. Voltei no domingo, a tempo de ir assitir o jogo Bolívia x Brasil. primeiro contarei do Congresso e depois do jogo.
O Congresso teve como abertura as falas de Evo Morales e Boaventura de Sousa Santos. Evo é bastante carismático e o Teatro Acha, em Cochabamba, estava LOTADO. O presidente não é o melhor orador que já vi, mas é simpático e bem articulado. Depois de sua fala, sentou-se ao lado do Emir Sader e dos outros que compunham a mesa, e anotou com atenção e dedicação o que dizia Boaventura. Este, por sua vez, falou em bom espanhol, e fez uma conferência interessante. Ficou evidente o quanto Boaventura gosta da Bolivia e o quanto é carismático. Não tenho dúvidas de que, se precisasse, venderia gelo para esquimó... ao final de sua fala eu estava convencida do que dizia... O congresso teve, como sempre, apresentações interessantes e outras nem tanto... Em Cochabamba encontrei a Vivian e o Juan, do grupo de estudos e pesquisa de São Paulo. Este esncontro foi ótimo!! Pude conversar com eles sobre nosso trabalho em SP e discutir aspectos da minha pesquisa. Nós nos divertimos muito, ainda mais depois que chegaram Chris, Helô (que, para minha sorte, voltou para Bolívia para terminar sua pesquisa de mestrado) e Vini. O Congresso foi encerrado com uma conferência de Alvaro Garcia Linera, vice presidente do país. Garcia Linera é um sociólogo importante, membro do grupo Comuna, que reúne também Luis Tapia (que também tive a oportunidade de ouvir em Cochabamba), Raul Prada e Oscar Vega (a quem a Helô me apresentou no último dia de congresso). Garcia Linera fala bem e apresentou uma fala bastante interessante e que tem tudo a ver com as atuais discussões sobre o Estado Plurinacional e as autonomias indígenas, assim como outros aspectos da nova constituição boliviana. No geral, as coisas que vi e ouvi no Congresso me ajudaram bastante a me "ubicar" (localizar) no debate boliviano.
Cochabamba é uma cidade linda!! Como já é primavera, e é bem mais baixa que La Paz, a 2558 metros acima do nível do mar, a cidade estava toda florida. O clima é agradável, calor de dia e fresco de noite. Depois do Congresso saíamos para tomar cerveja em barzinhos ao ar livre, pude sair de saia e sandálias, coisa impensável em La Paz... me senti em SP...
Voltei para La Paz no domingo e fui com Helô, Vini e mais uns amigos ao jogo do Brasil contra a Bolivia. O jogo foi horrível, o time do Brasil jogou muito mal. Foi uma vergonha e uma decepção, já que foi a primeira vez que eu fui a um estádio para ver a seleção brasileira jogar... Mesmo assim, me diverti bastante. A torcida se porta de maneira muito diferente no estádio na Bolívia. Primeiro, são mais silenciosos, foi impressionante não ouvir um tambor no estádio... segundo, a torcida boliviana quase não grita... os gringos, completamente paramentados com camisas da seleção boliviana e as caras pintadas com as cores da bandeira, eram os que mais torciam pela seleção. Uma coisa estranhíssima!! Depois saimos do estádio e fomos a um mirante em La Paz, como sempre, a vista é incrível!!! Foi uma semana animada, minha primeira viagem pelo interior da Bolivia e jogo do Brasil...
P.S.: Nota sobre os ônibus na Bolívia: os ônibus, como as pessoas em geral, não cumprem horário, saem atrasados e param MUITO, para que pessoas desembarquem ou embarquem. Além disso, entram vendedores nos ônibus e se vende de tudo... de queijo, pão, bolacha, jornal a picolé... é IMPRESSIONANTE!!! Com isso, claro, a viagem fica mais demorada. O parador de beira de estrada é bastante ruim, há que se pagar para usar o banheiro e o banheiro é MUITO sujo. Mas não há melhor maneira para ver o país e sua gente que viajar de ônibus. Entonces, hay que hacerlo... es la vida...